segunda-feira, 13 de outubro de 2008

39. Apenas um telefonema.


Passado o feriado, só restava a Otávio esperar a volta ao trabalho depois das férias insípidas de janeiro. Mas havia ainda uma esperança pulsando em seu peito em relação a Jardel e ele ficava imaginando o outro chegando da viagem de Carnaval e fazendo contato para voltarem às boas. Em um desses devaneios, o telefone tocou e ele prontamente atendeu. Ele respirou fundo. Do outro lado da linha, estava Frederico:

- Como foi seu carnaval?

- Bem, solitário e monótono, sem nenhuma novidade.

- Se soubesse, teria te convidado para uma folia no Carnaval?

- E por que não convidou?

- Porque imaginei que você tivesse compromissos com seus amigos. Você não falou nada.

- Você não perguntou nada.

- Não vamos ficar fazendo cobranças por coisas que já passaram.

- É, foi falha na comunicação. Talvez a gente tenha que se comunicar melhor, não esperar um

momento oportuno para dizer, porque se eu soubesse que haveria essa possibilidade, não a teria

desperdiçado.

- Mas podemos criar uma outra. Semana que vem estou pensando em passar por aí. Você vai estar disponível?

- Retorno ao trabalho, mas posso encontrar um tempo para estar com você.

- Na terça-feira, pode ser? Chego à tarde e à noite a gente vai no leilão, pode ser?

- Mas é claro que sim.

- E que tal a gente aproveitar o instante?

- Como?

- Fazer uma prévia por telefone. Eu já estou sentindo seu corpo próximo do meu. Seu calor me

excitando, a sua mão desabotoando minha calça, minha camisa...

Otávio começou a enriger-se. Aquilo era uma novidade para ele.

- Hum... Que brincadeira, mais gostosa. Você é capaz de imaginar o que estou massageando?

- Claro que sim. Então me agarre pelas costas, que eu massageio pra você. Deixe que eu sinta

toda sua saudade me pressionando com raiva por trás... Aproveite para me apertar contra o seu corpo... Você é capaz de imaginar onde estou?

- Não.

- Estou aqui, sozinho no meio do campo, abraçado a um tronco, louco de vontade de me

encontrar com você... E cheio de inveja. Você sabe por quê?

- Não.

- Por que estou assistindo um touro perseguir uma novilha, que, agora de patas estendidas,

espera que o macho dê o salto.

- Você está vendo isso? Ela deve estar sentindo também uma gostosa língua no meio das ancas.

- Claro, estou vendo também detalhes de uma musculatura de cor rosa que se ergue no ar, é uma carne bem sadia.

- Sua mão consegue tocar isso tudo.

- Estou com ela entre as pernas, com as narinas dilatadas, mal posso esperar para sentir a circulação do novilho dentro de mim...

O resfolegar sibilante era ouvido dos dois lados da linha.

- Está sentindo a minha baba correndo, encharcando a sua bela bunda roliça. Nada é mais quente que o centro da sua anca...

Um alvoroço interior acudia-lhes em remoinho.

- Ah, finalmente o touro montou a novilha... Eu posso sentir a sua rigidez latejante do animal.

- Está sentido pulsar?

- Sim... Pode movimentar com mais agilidade, não pare...

Aquilo durou um instante. Do fundo de seus corpos, das mais íntimas entranhas, os dois estavam a sentir um esbraseamento, fazendo-a reverberar em vibrações fulminantes. O que se ouviu foram gemidos e respirações arquejantes até que suas mãos pararam de tremer... Houve então uma longa pausa.

- Me espere na terça. Vou te fazer uma proposta irrecusável.

- Hum, será que vou poder aceitar?


- Aguarde...

5 comentários:

Serginho Tavares disse...

gente
eu já fiz essas brincadeiras por telefone
e que surpresa será essa meu deus?
super curioso!

Latinha disse...

Olá meu amigo!

Tudo certinho com você?! Espero que sim, pois bem... quase que acabo as voltas de um enredo digno dos seus textos... ;-)

Mas eis-me aqui novamente...
Grande abraçO!

João Roque disse...

Quem não teve já alguma experiência destas....
Abraço.

K. disse...

telefone... hum
nunca tentei
acho que me sentiria um pco bobo...
mas vai saber, né!! =D

Leo Carioca disse...

Oi!
Já faz um tempo que não apareço por aqui, né?rs
Mas tô voltando.
Abração!