terça-feira, 30 de setembro de 2008

37. Ah, por que não é assim?


O amor de Julieta e Romeu
O amor de Julieta e Romeu
Igualzinho ao meu e o seu
Igualzinho ao meu e o seu

A manhã de terça-feira de Carnaval já clareava. Poucas pessoas no clube. A música parecia resistir à investida do tempo. O que fora sucesso há mais de uma década voltava aos ouvidos como se fosse capaz de contagiar os foliões com uma alegria genuína. Para Otávio os dias de folia não passaram de expectativa e mesmice. Nenhum olhar, nenhuma paquera, nenhuma novidade.


Maria Luísa cedera aos desejos da carne no sábado. Saíram do clube direto para o motel. Ligara no domingo ansiosa, como se esperasse que o amigo dissesse que tudo ia dar certo, mas o desfecho não dava mostras de que seria exatamente o que ela desejava que acontecesse, mas sim o que de certa forma ela já previa. No domingo à noite, o rapaz parecia estranho, na segunda inventou uma desculpa para não ir ao clube.

- É, amigo, tenho medo de que eu seja a responsável por esses relacionamentos que nunca dão certo. Acho que, na verdade, sou eu que escolho sempre estar sozinha, sentenciou ela no telefone na segunda à tarde, quando soube que ele não queria ir à festa.

- Como assim?

- Tenho a impressão de que quando me relaciono com alguém já sei que não vai dar certo e procuro sempre um cara que vai me abandonar.

- Mas alguma coisa não deu certo?

- Não é nada disso. Para mim foi maravilhoso. Não sei como foi para ele, mas tenho certeza que,

se não foi perfeito, também não foi tão ruim assim.

- Não sei o que dizer.

- Tenho pensado em uma coisa. Não sei se estou certa. Hoje, estar com alguém é fragilizar-se. A gente morre de vontade de ter uma companhia, mas morre de medo. Não quer fazer concessão a nada. A partir do momento que a gente começa a se apaixonar por alguém, a gente começa a perder coisas. Não somos mais sozinhos, perdemos nosso controle. É muito difícil hoje pensar em nós mesmos como dependentes dos outros, ou como alguém que, além dos nossos sentimentos, deve cuidar dos sentimentos dos outros. Assim, inconscientemente antes mesmo que eu desista de quem estou a fim, já encontro alguém que faça isso por mim. Tudo se torna mais fácil. Não preciso tomar a decisão.

- Aí entra aquela questão que você disse: É como se tudo tivesse que estar à nossa disposição como produtos em supermercado.

- Exatamente isso.

Toda essa conversa voltava à mente de Otávio naquela madrugada. Seria esse também o seu caso?

Adriana também já se apartara do grupo em busca de emoções que satisfizessem sua vida. Na segunda noite tinha ficado com um rapaz e já fazia parte de outra turma. Ele sozinho, zonzo de cerveja, ficava por ali na falta do que fazer e pensava agora na semana seguinte, quando voltaria ao trabalho e tudo se passaria como no ano anterior. Por que ele insistia em manter-se naquele lugar, naquela cidade?

Teria ainda que resolver o problema com sua mãe. Ele estava adiando, mas chegaria o momento em que não poderia fugir mais. Melhor não pensar em problemas naquele instante.

E Frederico? Será que se veriam novamente? Jardel? Quando se encontrariam novamente? Continuaria jogando carta com o major? O projeto com o Breno? O que aconteceria? Seria tão bom se todas as ansiedades pudessem se resolver como se resolvem situações diante de uma gôndola de supermercado.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

36. Caso fortuito?


- Entre, eu vou pegar a chave.

Mas antes de se mover, ele então pousou os olhos nos braços e no tórax do rapaz que, vestido como estava com camiseta sem mangas, uma flanela pousada nos ombros, sentiu-se massageado por aquele exame e uma ereção involuntária marcou a sua calça. O camarada baixou os olhos, Otávio fechou a porta e aquela situação o deixou ainda mais estimulado e lembrando-se de Frederico, pressionou o moço contra a parede, apalpando-lhe a verga. O jovem desviou-se e foi se colocar no outro lado.

- Se você não quiser, posso parar. Não vou fazer nada que você não queira.

O outro permaneceu calado e Otávio pode ver uma mancha marcando-lhe a calça.

- Fique tranqüilo. Eu vou pegar a chave. Se quiser, pode usar o banheiro.

O rapaz foi ao banheiro e retornou com a flanela presa ao cós da calça. Otávio ainda mais excitado, deixou que o garoto fosse embora e dirigiu-se ao banheiro. Só lhe restava o prazer solitário.

Voltou à cama, deitou-se novamente e caiu no sono. Acordou, tomou banho, foi almoçar, voltou, encontrou com o Breno, combinaram os próximos passos para a execução do projeto de esportes – o que só aconteceria na semana seguinte quando voltasse a trabalhar – e ficou esperando que o rapaz viesse entregar-lhe a chave. Não iria descer. Ele que deixasse no balcão ou viesse ao seu quarto.

Estava novamente divagando, pensando em uma roupa para a noite, quando bateram à porta.


Abriu. Era o garoto.

Ele entrou com os olhos baixos, entregou as chaves, perguntou se poderia receber pelo serviço.

- Quanto é?

- Vinte reais.

Pagou e o rapaz não se moveu. Ficaram em silêncio.

- Você não quer se sentar?

- Não, obrigado.

Nova pausa.

- Você me desculpe por hoje de manhã. Retornou Otávio.

O rapaz nada disse, nem se mexia. Reparou então que um movimento de algo inflando-lhe a calça e não pode conter-se também. Tomou-o pela mão. Sentou-o na cama. O rapaz estendeu-se no colchão, deixando a saliência ainda mais à mostra. Otávio deitou-se ao seu lado e continuaram em silêncio. Apenas as respirações de ambos eram ouvidas. Na cabeça de Otávio passou-lhe pela cabeça a conversa que tivera na véspera com Maria Luísa. Ela podia ter razão, mas ele não precisava esperar.

Ajoelhou-se na cama e foi despindo lentamente o garoto e foi então que viu naquelas formas masculinas no auge da adolescência, a mais perfeita beleza encarnada em um homem nu. Cada músculo se desenhando como se sua tensão quisesse romper a pele, os pêlos sombreando partes do corpo. O rapaz permanecia imobilizado. Quando lhe ameaçou tocar o ventre, o menino arrebentou-se num líquido viscoso, polvilhando a pele de pontos brancos. Que cena maravilhosa, ele vira. Livrou-se também de sua roupa e ao lado do garoto, aliviou-se novamente de sua insuportável situação.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

35. Indiviso


Sexta-feira à tarde. Haveria baile de carnaval à noite. Estendido sobre a cama, olhando para o teto, a cabeça longe desenhava uma companhia masculina. Cairiam na folia, sambariam, se abraçariam, se beijariam, se amassariam no meio do salão. Depois, passadas as noite de samba, suor e cerveja, não se perderiam, não se esqueceriam, não desapareceriam da vida um do outro. O companheiro não sairia do seu lado, seguraria seu pierrot molhado e perderiam a cabeça juntos em muitas outras ocasiões.

O telefone tocando o fez rolar das nuvens macias da felicidade para a solidão da vida. Era Maria Luísa.

- Otávio, quer ir pro carnaval com a gente? Compramos uma mesa para as quatro noites e precisamos de mais uma pessoa pra rachar. Topa?

- Quem vai?

Ela explicou que iria com o rapaz com quem estava saindo, o Leandro, e a Adriana, de quem ele conhecia o nome no episódio com os pais de Jardel.

- Acho que não. Vou ser obrigado a ficar fazendo companhia pra moça e eu não estou a fim. Ela pode se encanar e pensar que tem alguma chance comigo...

- Desencana. A mesa é pra garantir as entradas. Vamos, quero que você conheça o Leandro.

À noite, conheceu o rapaz, achou-o interessantíssimo e quando houve um momento em que Leandro se ausentou para ir ao banheiro e Adriana estava se divertindo com amigos, ele confidenciou à amiga que o homem era um pedaço de mau caminho.

- Imagina você apalpando cada centímetro daquele corpo...

- Pois é, amigo, nesses poucos dias, tenho resistido bravamente.

- Resistir, por quê?

- A experiência tem me mostrado que os homens só querem transar, depois esquecem que a gente existe.

- Mas, vai que com esse não é assim.

- Não sei, mas por via das dúvidas, enquanto puder, vou evitar. É uma forma de fazer durar mais.

- Mais cedo ou mais tarde vai acontecer e, se ele tiver que ir embora, ninguém vai segurar e pode ser pior, porque quanto mais durar, mais há o perigo de você se apaixonar. Se for pra ser assim, é melhor que as coisas se resolvam de imediato e a fila ande.

- Ah, amigo, dessa vez estou apostando que é possível esperar um pouco. Acho que é possível nos interessar um pelo outro antes do sexo. Estou cansada de me sentir como alguém num supermercado. Tudo, desde a embalagem, tem que suprir um êxtase. Rapidamente se compra, se usa e se não satisfizer aquela expectativa, troca-se por outro. Tudo para assegurar nossa comodidade, a satisfação imediata dos nossos desejos. Assim, é melhor, não é? Vamos ficando sozinhos, não precisamos dividir nada com ninguém e vamos garantindo o controle. Não corremos o risco de nos fragilizar, afinal não podemos nos decepcionar e as emoções vão sendo preenchidas diante de prateleiras.

A conversa foi interrompida pela chegada de Leandro. Otávio notou nos olhos cismarentos da moça certa angústia. Para deixar o casal à vontade, ele procurou o ar livre, depois voltou ao salão, foi ao bar, ao alpendre, ao banheiro, caminhou pelos camarotes e assim, como se ele fosse um animal fora de seu habitat, a noite o viu vaguear pelo clube. Nenhum olhar, nenhum sorriso que significasse algo. Por mais que compulsivamente tomasse cerveja, não se animava para cair no samba.

Por volta das quatro e meia da manhã, deixou o clube e voltou ao hotel. Caiu na cama. O mundo girava. Teve a impressão que passou por um rápido cochilo. Sonhou que ele e Maria Luísa faziam compras num hipermercado. As pessoas vagueavam com carrinhos abarrotados, enquanto eles não sabiam o que escolher. Ouviu batidas na porta, abriu os olhos e viu que o dia já ia alto. A bexiga cheia doía, o pau duro. Estava somente de cueca. Enrolou-se na toalha de banho e foi abrir a porta.

- Desculpa acordar o senhor, mas vim saber se quer lavar o carro.

Era o rapaz da garagem, que depois de encará-lo, abaixou os olhos, esbarrando-os com o corpo saliente sob a toalha.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

34. O que vai e o que torna

Uma após outra, as horas se foram como contas de rosário por entre os dedos.

Na quinta-feira à tarde, o sargento ligou convidando Otávio para o jogo de cartas à noite.

- O que aconteceu, rapaz, que você desapareceu? Só por que Jardel foi viajar? A gente continua por aqui.

Então o sibarita já tinha partido para a farra!

- Sargento, não sei se...

- Você não está pensando em me dar o cano, está? Sem o meu parceiro, eu estou no mato sem cachorro.

- Está bem, eu apareço.

Pelo menos teria algo para preencher o tempo.

Na casa dos pais de Jardel, o Lalo e o Oliveira com as respectivas famílias. Ao mesmo tempo que
Otávio flagrava a mulher do Oliveira o observando, ouvia as piadas do Lalo.

- Sabe aquela das duas bichinhas que deliravam com coisas impossíveis que gostariam que acontecessem?

- Não.

- Então! Uma delas se vira e fala assim pra outra: “Já pensou se chovesse pica?” A outra respondeu: “Nossa, eu não ia tirar meu cu da bica.”

Riam a gosto.

Vinho era servido sem reservas. O jogo avançava. O telefone tocou e Dona Elizabeth foi atender. Era Jardel. Otávio, de ouvidos atentos, tentava mapear a conversa. Ouviu quando a mãe respondeu ao filho:

- Está sim! Seu pai agora não joga mais carta sem ele como parceiro. Quer falar com ele?

Jardel tinha perguntado por ele? Por quê? Uma pequena esperança foi batendo as asas em sua imaginação e voando por todo seu corpo. Ele também já estava com saudade.

Dona Elizabeth desligou o telefone e veio dizer que o filho estava em São Paulo e que viajaria à noite para Minas.

- Jardel ligou ontem e eu falei pra ele ir atrás de uma especialização em endodontia que vai começar logo depois do Carnaval. Disse o Sargento.

- E ele vai fazer? Tornou Otávio curioso.

- Ele não quer, mas eu e a mãe dele estamos insistindo. De que adianta terminar a faculdade e ficar parado. Ele nem começou a trabalhar. Para ele não vai fazer diferença ficar mais um tempo longe de casa.

A esperança foi à beira da sepultura. No lugar dela, tristeza e abandono potencializados.

Bateram palmas no portão. Dona Elizabeth foi atender. Era Dona Margarida, a ex-professora, vizinha da frente. Veio combinar a passagem da imagem de Nossa Senhora das Dores pela casas da rua. Cumprimentou os jogadores e quando viu Otávio falou:

- Esse rapaz é um talento literário. Guardo até hoje uma redação que ele escreveu quando estava no grupo. Enquanto todos escreviam sobre assuntos triviais, ele era capaz de escrever coisas que fugiam ao senso comum.

- Que elogio! Disse Dona Elizabeth.

- Qualquer hora vou procurar e vou trazer uma cópia para vocês lerem. É uma história sobre um garoto que beija um peixe.

Otávio não se lembrava mais daquilo e ficou cheio de interesse em ler o texto. As palavras da professora soaram como um conforto. Quem sabe não estaria na sua paixão pela literatura a saída para sua aflição? Sabia que estava sublimando, mas era o que lhe restava fazer enquanto não lhe acudia o príncipe encantado. Ele não admitia, mas acreditava em príncipes, histórias de fadas e felizes juntos para sempre. Tinha a ilusão de que um dia encontraria um homem que se encaixaria como uma luva em todos os seus desejos. Frederico, Jardel e alguns outros rapazes desfilavam por seu pensamento entre cartas, goles de vinho e as piadas de Lalo.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

33. A vida continua


O dia já estava amanhecendo quando passos furtivos no corredor indicaram a ida de Otávio para seus aposentos. A conversa de despedida fora breve. Frederico sairia bem cedo para a viagem.

- Será que nos encontraremos de novo? Perguntou Otávio.
- É claro. Depois do carnaval estou aí.

- Podemos nos falar, enquanto durar a ausência?

- Se quiser, pode me ligar.

O fazendeiro ditou o número, que Otávio gravou na memória como a mais valiosa das informações. Na cama ficou repetindo a seqüência de algarismos com receio de esquecê-lo. Quando acordou perto do meio dia, o outro já tinha partido. Desceu para almoçar e em todos os cantos do hotel por onde passou, havia um vazio. Ficou sentado na recepção do hotel por algum tempo como se a qualquer momento alguém fosse entrar pela porta e retirá-lo daquele estado de impotência. Por fim, Otávio voltou ao quarto e com os olhos fixos na copa da árvore que ficava defronte sua janela, fazia mil perguntas, tentando encontrar um sentido para o que acabara de lhe acontecer. Tentava avivar na memória cada minuto do que se passara com ele e deu-se conta então que o que mais lhe causava melancolia não era a falta que fazia ter descoberto no hálito, no cheiro da pele e dos cabelos de Frederico, os perfumes que nunca sentira, o som dos gemidos e dos suspiros que nunca ouvira, tê-lo gozado loucamente, com delírio, com verdadeira satisfação de animal no cio, era estar marcado com o selo da solidão.

Desceu para acessar a internet, nenhum comentário no seu blog. Sua carência aumentou. Viu quando o Breno entrou no estabelecimento foi até ele e disse que havia terminado o projeto. O outro ficou feliz por isso. Precisava de agilidade. Afinal em ano político é preciso agir. O proprietário do hotel disse que iria ler e depois conversariam sobre a organização dos próximos passos.

Desceu novamente e ficou no hall de entrada com o jornal entre as mãos. Seu pensamento divagava. Procurava o outro pelo faro.

- O primeiro dia sempre é o mais difícil. Ouviu uma voz feminina gritando na rua.

De onde vinha aquela voz que parecia gritar para ele? Olhou pela vidraça e viu uma moça morena atravessando a rua. Foi até o bar onde estivera na véspera. Pediu cerveja. Veio a primeira, a segunda... No meio da garrafa, apareceu seu pai e sentou-se à mesa. O garçom trouxe mais um copo.

- Você não foi viajar?

- Não. Saí de casa.

Ele explicou o acontecido e seus motivos acumulados durante tantos anos. O pai concordou com tudo o que ele afirmava.

- Muito me admira ouvir isso. Não sei como o senhor é capaz de agüentar um casamento de tantos anos.

- Ela nem sempre foi assim. Mudou muito com o tempo. Mas acredite, ela me completa. Eu não conseguiria viver sem ela... Com todo aquele temperamento, ela faz por mim coisas que eu nunca encontrei quem fizesse e receio jamais encontrar... a grande maioria dos casamentos não é o que vocês, jovens, pensam que é...

Gritando para o garçom, o velho pediu a terceira cerveja e a conversa continuou. Ao final da quinta, o velho pagou a conta e disse:

- Se precisar de alguma coisa, é só me ligar.

- Ok, pai. Muito obrigado!

- Mas gostaria de pedir que você conversasse com sua mãe.

- Depois do carnaval.

Chegando novamente no hotel, lembrou-se que desde que transferira para aquele lugar, tinha deixado o carro na garagem e não mais fora ver. Desceu para verificar se tudo estava em ordem. Aproximou-se do veículo e quando deu por si, um rapaz o observava. Quando seus olhares se cruzaram o moço voltou ao trabalho. Otávio tornou a olhá-lo. Era jovem, vinte e poucos anos. Louro, cabelos compridos, estatura mediana. A roupa que usava moldava-lhe o viço dos músculos que há pouco atingiram o ápice da forma. Um belo exemplar, pensou. Olhava por interesse? Poderia não ser. Estava tão carente que qualquer homem que olhasse para ele figurava como uma promessa.

Deu a volta no carro e voltou-se para o rapaz, que o olhava novamente.

- Vai lavar o carro? Perguntou o jovem?

- Hoje não. Sábado é um bom dia. Respondeu Otávio.

- Ok. Quando precisar, é só falar com a portaria do hotel. E continuou o trabalho.Otávio ainda ficou por ali mais alguns instantes. Depois, quando acessava a porta que dava acesso ao piso térreo, retornou repentinamente para observar o moço a certa distância e o outro que tinha os olhos presos nele, abaixou a cabeça e continuou a lavar o carro.