segunda-feira, 12 de maio de 2008

17. No meio do redemoinho.


Ele nada respondeu. Saiu desorientado. Ganhou a rua. Satisfazer os gostos da mãe, desde muito criança, sempre foi para ele uma violência. Os faniquitos dela eram constantes. Bastava ser contrariada. Mas agora não podia mais. Vários episódios passavam-lhe pela cabeça. A ira avolumava-se em seu corpo. Tinha vontade de voltar a casa e dizer inúmeros desaforos àquela mulher... Estourava de raiva. Andava pelo bairro como se movesse em espiral.

Parou em uma panificadora para o desjejum. Quem o visse naquele momento, adivinharia logo que era alguém em queda. Decidiu que não voltaria mais para aquilo que até agora tinha como seu lar. Mas o que faria?

O seu rendimento de todos os meses estava comprometido com o financiamento do imóvel que comprara na cidade. Ainda mais, tinha acabado de fixar contrato por um ano com o inquilino. Poderia rescindi-lo? Sim, mas teria que pagar uma multa que não lhe era possível. Fazia contas. O dinheiro que lhe sobrava do salário não era nada. O aluguel que recebia também não era um valor que lhe pudesse garantir todas as despesas se morasse sozinho.

Vender o carro! Era isso que iria fazer. Andaria a pé pela cidade, seria dono de seu próprio destino. E chafurdava novamente na mágoa que era maior do que seu corpo. Procurava pensar que tudo corre no mundo da melhor maneira possível. Era hora! Mas precisava ser daquele modo? E enquanto o inquilino não desocupasse a casa e enquanto não vendesse o carro para quitar a multa para onde iria? Onde moraria? Como iria se virar com o pouco dinheiro que lhe restava? Se pudesse contar com alguém! Pensar em Jardel lhe dava alento.

Perambulou pelas ruas. Decidiu caminhar pelas alamedas do bosque municipal. Esteve por horas olhando o lago envolvido em intrincados raciocínios. Por onde quer que fosse, como pano de fundo, havia sempre a lembrança de algo vivido, a figura da mãe e a dúvida: para onde iria?

11 comentários:

João Roque disse...

Continuo extremamente interessado no desenvolvimento do enredo e aguardando coisas quentinhas...

No Limite da Razão disse...

rsrsrs,

oi colega de blog...

espero segunda feira o novo capítulo.

não vi mais vc no meu blog

abração

Too-Tsie disse...

Brigado pela visita, tava sentindo sua falta.
Você já visitou o blog do celso dossi?
Ele sempre bolando uma versão hilária dos fatos do cotidiano, passa lá.
Ah, e preciso continuar a ler seu blog, eu ainda to parado naquele comecinho.

Bom findi

¿Controversy! disse...

É...
Mas ao menos está plantando o futuro. Pode muito bem desviar desse "problema" temporariamente, até estabilizar-se e viver a própria vida com quem ama.
¿Abraços!

Leo Carioca disse...

Legal a história!
Queremos ver o que vai acontecer ainda!
Obrigado por ter me linkado aqui! Vou linkar você também lá no meu blog.

Thiago de Assumpção disse...

nossa..
que triste...
e eu que pensei que estava vivendo em uma tragedia...
mas calma que tudo ira se resolver..
beijão

SP disse...

Muito interessando espero desenvolvimento...

A foto é belíssima!

André Mans disse...

TENHO uma mãe bem parecida com a dele

Oz disse...

Rapaz... Difícil chutar o balde sem pensar no que virá depois, não? Bem curioso para ler o que se segue.
Abraço.

Anônimo disse...

Parar em uma panificadora para o desjejum é decididamente Eça de Queiroz!

William

Alberto Pereira Jr. disse...

tensa situação, já por muitas vezers tive vontade de jogar tudo pro alto e viver uma nova vida. Só.