segunda-feira, 23 de junho de 2008

23. Roda viva


O corpo, a materialidade do corpo. A possibilidade de tocar, abraçar, encontrar-se no corpo alheio, dominá-lo ou deixar-se dominar, possuí-lo ou ser possuído. Além disso, a persuasão íntima de que assim o é, porque nós e o outro assim o desejamos e fruidores dessa situação, deixamo-nos permanecer em estabilidade de sermos amados, ou de termos certo poder de encantar e exercermos fascínio sobre alguém.

E catalisando todo esse estado, o corpo – materialização das almas. Expressando sutilizas e peculiaridades de cada ente, conduz a história, que no afã de ser tecida, cruza seus fios com outras expressões de vida.

Abraçados, mãos passeando sobre o cálido amigo, entre vales, planícies e saliências, não lhes era acessível outra coisa a não ser o prazer sinestésico do contato com o mármore animado. Sons que evocando cores, perfumes, sabores e calor epidérmico, reclamavam que o momento fosse eterno.

Lá fora o vento farfalhava. Os ramos das árvores agitavam-se. O mundo girava e um relâmpago cruzou o céu. A chuva principiou fina sobre o telhado e não cessou até o outro dia.

Acordaram satisfeitos. Era quase meio dia. Depois do desjejum, o que poderiam fazer juntos em um dia como aquele? Poderiam assistir a um filme, mas não haviam trazido nenhum. A música de Jardel silenciara. Jogar cartas? Não. Assistir televisão em final de manhã de sábado? Era o que lhes restava fazer dentro daquela casa!

- Vamos tomar alguma coisa? Perguntou Otávio.

- Oba, vamos começar cedo, mas enquanto isso, vou começar a preparar uma carne pro nosso almoço. Disse Jardel.

- Estive aqui pensando... O que a gente podia fazer no final da semana que vem, já que é final de semana prolongado? Não rola nada no carnaval dessa região.

Houve alguns minutos de silêncio.

- Pois é... Eu estava pra te dizer uma coisa, mas não sabia como falar. Desde a minha formatura, eu combinei com alguns amigos da turma de passar o carnaval em Ouro Preto...

- E você vai?

- Já estou com tudo pago...

- Ok.

Foi impossível para Jardel não perceber o desapontamento estampado no rosto de Otávio. Um
mal-estar tomou vulto no ambiente. Lá fora, a chuva caía torrencialmente.

11 comentários:

K. disse...

ah, droga
eu vivia fazendo dessas... decisões independentes... e tinha que lidar com a decepção alheia...

imaturidade minha...

Gui Sillva disse...

a maturidade uma hora chega!

Thiago de Assumpção disse...

concordo com o comentario de cima

Latinha disse...

Que frio no estomago!!!
(Não demora tá, que minhas unhas estão acabando ;-) )

Grande abraço

No Limite da Razão disse...

É, rsrsrsrs

na ficção e na vida real coisas parecidas acontecem paralelamente.
Valeu pelas visitas no meu blog Tarco, e pelas mensagens, passe sempre por lá ok? Estarei sempre por aqui tb.

Meu post hj é meio desabafo com direito a trilha sonora.

abração

Goiano disse...

o safado foi viajar sem convidar
ai que odio!!!

¿Controversy! disse...

Quando há amor, há compreensão e principalmente o senso de que a liberdade faz parte do relacionamento.
Desapontamentos a parte, as pessoas devem aprender que algo só dura quando em doses gradativas, afim de que sempre tenhamos vontade de estar juntos novamente.
¿Abraços!

BinhoSampa disse...

Lidar com pessoas independentes..é complicado...eu sempre faços essas coisas....hehehehehe.

Abs:-)

Vc não pode remover essas "malditas letras"?!?!! rsrs

BinhoSampa disse...

oi...
para remover elas..segue os passos...

opção "painel" do blog;
guia "configurações" ;
guia "comentários" - Exibir uma confirmação de palavras para os comentários? então clica em não.

a turma agradece....

Abs:-)

Latinha disse...

Boa semana para você!!!
Abração!

Aninha disse...

RJ 13h48
Dia morno


Gosto muito do modo com que contas a história de amor e ciúme de Jardel e Otávio!
Vou ler o post de cima

sucesso