segunda-feira, 24 de março de 2008

10. Planos que se cortam


– Nem sei o que dizer... Era a voz de Otávio quebrando o silêncio depois do inflamado beijo.

– Então não diga nada!

– Quero dizer... Acho que estou com medo... Qualquer palavra que possa sair da sua boca...

– E o que você acha que eu vou te dizer?

– Não sei... Mas o que quer que seja vai ter um grande impacto sobre mim.

– E se eu não te disser nada pra continuar te beijando?

– A gente não conseguiria manter o silêncio por muito tempo!

– Podemos tentar, o que você acha?

Os lábios intermitentemente colados. Depois, o jantar e as carícias. Ainda, os dois nus sobre o colchão de Jardel. Os corpos carnudos! Talvez ele tivesse se precipitado em manifestar sua inquietação e sabemos que ele estava querendo evitar o sofrimento. Tão envolvido estava em suas mais íntimas aflições: o outro não dizendo as coisas que ele gostaria de ouvir! E a verdade: os dois, perseguindo seus próprios desejos, gostariam de ter certeza de onde se encontravam. A música sublinhando a situação:

Give-me a heart attack, baby
Give-me a heart attack…


– Meus pais chegam das férias amanhã.

– A que horas?

– À tarde.

– Que pena! Isso quer dizer que a gente não vai poder mais ter encontros como esse? Tentou se assegurar de que se veriam outra vez.
– Claro que podemos! Vamos ter que descobrir outro lugar.

Jardel tinha sinalizado possibilidades. Otávio sorriu e continuou:

– Você acha que seus pais vão desconfiar?

– Não sei... Meu pai me acha um anormal... Ele vive me chamando de esquisito... Vive dizendo que não duvida que qualquer hora vou jogar na cara dele que tem um cara comendo o meu cu.

– ...

– Vamos mudar de assunto que isso me chateia...

– Não sei o que te dizer...

– Deixa pra lá. São implicações minhas com meu pai. Quero só pensar que eu arrisquei, apostei e deu certo.

– Não entendi.

– Na hora em que te vi, senti vontade de ficar com você. Inventei tudo aquilo porque estava a fim de você.

– Devo ter dado muita bandeira!

– Nenhuma... Só de olhar pra você me deu vontade de tirar sua roupa pra ver os mistérios que elas escondiam.

– Valeu a pena?

– Convencido... Está querendo elogio, não é? Mas se você quer saber, não posso reclamar de nada!

Sua insegurança amenizava.

6 comentários:

William Oliveira disse...

Hum, não que eu queira reduzir a obra ao autor, mas a curiosidade é inevitável: há muito de auto-biográfico nesse enredo? Não que isso seja demérito algum; só percebo uma paixão latente na escrita... (bem, acho melhor eu parar antes que pareça cerebral demais.)

Goiano disse...

owwww
que isso?
é autobiografico?

gente eu quero tbm namorado com pais de ferias e bjos de balancar o mundo

hahah bjos

Thiago de Assumpção disse...

gostei.. serio
isso e real ou vc imaginou?

Too-Tsie disse...

Amigo, desculpe não ter postado nada antes, aquela correria antes da viagem e não tive tempo de ler ainda o seu conto.
Quero ler desde o comecinho, acho que já vivi muitas das situações narradas aqui.

Abração

No Limite da Razão disse...

AAAAAAA que saudades de viver essas coisas....de estar com alguém , de curtir esse alguém .

Adorei a historia...

demais.

Alberto Pereira Jr. disse...

Deus... que sensual e deliciosa a história.. um belo início!