segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

2. Fatos ordinários




Depois daquela manhã, ele passou então a pensar no percurso percorrido para chegar até ali. Sua vida, seus complexos. O menino que apenas brincava com meninas, o desejo secreto de ver e tocar os corpos nus dos garotos da escola, os sonhos intranqüilos que deram início à juventude, as namoradas que não eram vistas e as dúvidas da família verberando suas angústias. Percalços envolvidos por uma vontade enorme de chegar a algum lugar. E chegou.

O fato agora é que a magia estava faltando. Sua primeira ferramenta para buscá-la foi a internet. Supercool. Sexo, músculos, relatos, baladas, drogas, pegação, o universo pop, sites de relacionamento, contatos e distância...

Sua segunda opção foi viajar, mas até então não tinha encontrado o encanto em nenhum lugar. A volta sempre era a parte mais difícil.

Não que fizesse a linha da bicha melancólica e marcada pelas chibatadas da vida. Não. Tendo se instalado no minarete, onde se encontrava, cismava sozinho tentando achar saída para alguma parte.

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